top of page

A MEMÓRIA DAS CASAS

De tudo ficou um pouco

Aproprio-me do verso que marca o início e o ritmo de todo o poema Resíduo, de Carlos Drummond de Andrade, para expor a minha ideia de memória, uma das minhas visões sobre as marcas que deixamos pelo caminho. De tudo ficou um pouco... o sapato, as caixas, fotografias, revistas, brinquedos, roupas... de tudo ficou um pouco daquilo que deitamos fora dentro e fora dos caixotes de lixo que inundam o Mundo, que não cabe mais na nossa sala de estar, que perde o prazo de validade no santuário que habitamos. De tudo fica um pouco seja em casa, no escritório ou nos vários poisos que elegemos. De tudo fica um pouco de nós ... nas ruas, nuas, anónimas, neste colectivo de memórias.

desconstroi-se o chão

a cada pegada

o pó muda o lugar

da memória

 

(Ozias Filho

do livro Insones)

bottom of page